Operação Pódium, Cid Gomes da mira da PF

Operação Podium, envolvendo empresários, sonegação, evasão de divisas….até Nelson Piquet entrou no rolo….sempre a mesma e velha história. Mudam alguns detalhes, mas no fundo é sempre mais do mesmo.

Braço direito de Cid Gomes vai à ‘alça de mira’ da PF
(por Lula Marques/Folha)

Nos últimos dias, o governador cearense Cid Gomes (PSB) gasta boa parte do seu tempo na articulação para levar o irmão Cid Gomes à equipe de Dilma Rousseff.

Em notícia veiculada neste sábado (18), o repórter Marcelo Rocha, revelou que Cid tem assunto mais sério com o que se preocupar.

Corre na 11ª Vara Federal do Ceará, sob segredo de Justiça, um inquérito que traz em suas folhas o nome de Arialdo Pinho.

Vem a ser o braço direito de Cid Gomes, chefe da Casa Civil do governo do Ceará. Frequenta o processo na condição de investigado.

O caso envolve suspeita de caixa dois formado por meio de patrocínios fictícios de automobilismo. Deu-se o seguinte:

1. A PF levou ao meio-fio, na última semana de novembro, a Operação Podium. Prendeu sete pessoas. Recolheu documentos em três Estados: CE, RJ e SP.

2. Entre os detidos estava um empresário chamado José Hybernon Neto, ex-presidente da FCA (Federação Cearense de Automobilismo).

3. Hybernon é apontado pela PF como um dos mentores de um golpe. Patrocínios firmados pela FCA acobertariam desvios de milhões de reais de empresas.

4. O dinheiro comporia um caixa dois destinado ao pagamento de propinas a agentes públicos e ao financiamento de campanhas eleitorais.

5. Munida de autorização judicial, a PF monitorou os telefonemas de Hybernon. Numa das ligações, soou o nome que conduziu o inquérito à sede do governo do Ceará.

6. Relatório da PF informa que Hybernon mencionou no telefone “Arialdo Pinho, chefe da Casa Civil do governo Cid Gomes”.

7. Deu-se num diálogo de 7 de maio de 2010. Hybernon diz ao seu interlocutor que estava saindo da casa de Arialdo Pinho.

8. No curso da conversa, Hybernon informa que Arialdo lhe dissera que seria “preferível” que os dois se encontrassem sempre naquele endereço residencial.

9. Nesse ocasião, Arialdo já chefiava a Casa Civil cearense. Afastou-se da cadeira para coordenar a campanha reeleitoral de Cid. Passada a eleição, voltou ao cargo.

10. Empurrado pelo grampo para dentro do inquérito, Arialdo é apontado como elo de Hybernon com o governo do Estado.

11. Ouvido pelo repórter, Arialdo recordou-se de um encontro com Hybernon em sua casa. Não soube precisar a data.

12. Alegou que Hybernon o procurou porque estava interessado numa licitação estadual. Por que em casa?

13. O assessor de Cid Gomes declarou que, por falta de tempo, costuma realizar reuniões de trabalho em sua residência.

14. Pelas contas da PF, o golpe que passa pela federação automobilística cearense movimentou R$ 34,6 milhões entre 2004 e 2008.

15. Relatório do Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) do Ministério da Fazenda registrou no período saques sistemáticos nas contas da FAC.

16. Saques graúdos, em cifras superiores a R$ 300 mil. No total, R$ 33 milhões foram sacados em espécie. Sempre por meio de cheques da FCA.

17. Hybernon aparece como o principal beneficiário dos cheques. Ao justificar-se à Receita Federal, que apura sonegação de tributos, ele tonificou a aura de suspeição.

18. Hybernon disse ao fisco que a FCA era usada apenas como “trampolim” do dinheiro.

19. Segundo essa versão, a grana era devolvida às empresas, pseudopatrocinadoras de eventos automobilísticos.

20. A maior parte do numerário –R$ 25,8 milhões— teria sido borrificada na caixa registradora de três firmas do Grupo Marquise.

21. Sócio do Grupo Marquise, José Carlos Pontes mantém relações sociais com Arialdo, o assessor de Cid, e tem negócios com o governo do Ceará.

22. O Marquise toca a ampliação do Porto do Pecém. Negócio de R$ 571,5 milhões – 80% bancados por empréstimos do BNDES. Constrói também um hospital em Sobral, cidade que foi administrada por Cid Gomes.

23. Tomado pelos arquivos do TSE, o Grupo Marquise foi doador generoso na campanha de 2010. Ajudou a financiar candidaturas do PSB, partido de Cid, e de legendas aliadas do governador. Entre elas PMDB e PT.

24. Outras empresas que se encontram sob investigação nesse inquérito untaram as arcas do comitê de Cid Gomes. Procurado, o Grupo Marquise se absteve de falar.

25. Responsável pelo caso, o juiz Ricardo Campos anota no processo que outros aspectos “merecem ser aprofundados”. Coisas que “apontam para a prática de delito de evasão de divisas por parte do então gestor da FCA [José Hybernon]”.

26. Nesse ponto, o processo menciona o tricampeão de Fórmula 1 Nelson Piquet e o filho dele, Nelsinho Piquet, que recebeu no exterior R$ 5,3 milhões por meio da FCA. Patrocínio, disse o pai.

27. Piquet recebeu da federação cearense, em 2008, R$ 500 mil. Disse que se trata de um “contrato de mútuo [empréstimo]”.

28. A Justiça decretou a quebra do sigilo fiscal de todos os envolvidos no caso – incluindo Nelson e Nelsinho.

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